As propostas dos presidenciáveis para a economia

JC ouviu especialistas para tentar traçar receituário para economia dos presidenciáveis / Foto: Agência Brasil


Da revogação do teto de gastos à defesa de um programa acelerado de privatizações. O JC ouviu especialistas para traçar quais as propostas indicadas pelos seis principais presidenciáveis para a política fiscal, a Previdência Social, as privatizações e para o sistema tributário. “Cada candidato tem uma tendência e uma linha política. A economia não será tratada da mesma forma independente de quem for o eleito. Por isso é importante tentar prever como ficará a situação do País baseado nas propostas de cada um deles”, explica o economista Ecio Costa, fundador da Cedes Consultoria e Planejamento, que dá palestras para empresários sobre o receituário dos postulantes ao Planalto.
Levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre o debate político no Twitter mostra que a economia só perde para a corrupção entre os assuntos mais relacionados aos presidenciáveis na semana entre 12 a 18 de julho, com 54.794 menções. O mais citado é Jair Bolsonaro (PSL), por causa da declaração do economista Paulo Guedes, coordenador do seu programa, de que poderia manter parte da equipe do governo Michel Temer (MDB).
Segundo Roberto Gondo, professor de Comunicação Política da Universidade Presbiteriana Makenzie, a economia é importante para que o eleitor defina em quem vai votar, mas os discursos dos candidatos nessa área tentem a simplificar as discussões para tentar dialogar com o eleitor. Temas como as reformas da Previdência e trabalhista, que têm maior impacto na população, também tendem a ser mais discutidos do que assuntos como a elevação ou redução da taxa de juros, porque, ainda que elas tenham muito impacto na economia, não são pauta do dia a dia do eleitor.
“A grosso modo, na campanha, o que você usa desse aspecto econômico é a coisa mais simples. Por exemplo, falar que vai fazer algo para gerar empregos. Você não está entrando em detalhes, mas, para o eleitor, aquele candidato prega aumentar o emprego. É uma lei de simplificação da mensagem”, explica Gondo.
De modo geral, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) e o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB) são os nomes cujo receituário mais agrada investidores e setor produtivo, assim como o discurso de João Amoêdo (Novo). Mas até agora eles não têm apresentado um bom desempenho nas pesquisas de intenção de voto. “O mercado busca um candidato de centro-direita”, projeta Ecio Costa. Isso ajuda a explicar a alta da Bovespa, que fechou a sexta-feira (20) acima dos 78 mil pontos depois que os partidos do Centrão anunciaram o apoio a Alckmin, turbinando a coligação do tucano.
Por outro lado, candidaturas que se opõem a reformas têm enfrentado resistências dos agentes econômicos. É o que aconteceu com o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) ao ser vaiado após prometer revogar a reforma trabalhista durante palestra para empresários na Confederação Nacional da Indústria (CNI). O mesmo vale para o PT, cuja tentativa de se reaproximar das bases sociais após o impeachment de Dilma Rousseff (PT) e a oposição a Temer levaram a sigla a se opor a mudanças na Previdência, nas regras trabalhistas e às propostas de privatização.
“Eu não acho, particularmente, que nem um candidato do PT ou Ciro Gomes vão fazer uma política que seja antimercado. O problema é a questão da confiança, é uma questão psicológica. O mercado não quer e pronto. É algo parecido com o que aconteceu na primeira eleição do Lula (PT). Mesmo ele fazendo a carta aos brasileiros, o dólar continuou alto até ele passar os primeiros meses de governo e mostrar que não tomaria nenhuma medida que colocaria em risco o regime de metas de inflação e a sustentabilidade das contas públicas”, argumenta André Nassif, professor de Economia da Universidade Federal Fluminense.
Em contraposição, Bolsonaro foi aplaudido na CNI, embora seja o candidato com o discurso de maior instabilidade. “É uma coisa interessante. Quando você pega o principal assessor econômico de Bolsonaro, que é o Paulo Guedes, ele é um cara ultraliberal. Ou seja, faria tudo o que o mercado quer. O problema é acreditar realmente que o Bolsonaro tocaria as ideias que estão sendo defendidas por ele”, diz Nassif.

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